Ao Mestre com Carinho.
Venho aqui expressar publicamente um pouquinho do meu aprendizado com mestre “Peixinho”: Sr. Marcelo Azevedo Guimarães
Eu, Adriano Fabio da Guia, gostaria de expressar o que eu aprendi neste curto período de vida através do aprendizado de capoeira com este grande baluarte da cultura popular brasileira.
Homem de poucas palavras e de uma perseverança e sabedoria, inigualáveis, únicas. Sempre tinha respostas para as questões nas quais éramos envolvidos, até mesmo durantes as brincadeiras ele estava nos passando alguma coisa.
Dentre tantos discípulos espalhados por vários locais do país e do mundo tinha uma metodologia especifica que poucos entenderam e muitos alunos que discordavam dele, ainda assim se mantiveram próximos a ele, e continuaram sobrevivendo como professores de capoeira. Tinha uma habilidade para lidar com os conflitos pessoais de seus alunos, utilizando o único remédio que funciona com a maioria dos seres humanos: o tempo. Poderia facilmente impor qualquer regra... Mas não, ele deixava que nos entendêssemos e amadurecêssemos nosso próprio conceito para que pudéssemos aceitar tais situações. Valorizava todos e tudo. Sabia que a qualquer momento aquela pessoa poderia ser importante para a capoeira e para sociedade como um todo, e por este motivo, dava ao ser a sua credibilidade e mais uma oportunidade.
Mas ele também tinha os seus limites, e neste caso, os excessos de tolerância também tinham o efeito contrário na mesma proporção.
Sou de Angra dos Reis, cheguei ao grupo com os mais antigos alunos de Angra e fui muito bem recebido e aceito pela maioria do Grupo.
Como já citado anteriormente sobre habilidade de resolver os conflitos, em Angra um período o desentendimento entre alguns os discípulos duraram aproximadamente 10 anos e foram causados por diferentes opiniões sobre como trabalhar a capoeira de Angra dos Reis por não termos humildade sabedoria para entendermos a forma de ensino do mestre. Durante um longo período as coisas desandaram de tal forma que algumas vezes eu me senti mal por estar fazendo parte deste cenário desarmonizado. Em vários momentos imaginei que o mestre me pediria para sair do grupo, já que as coisas não tinham uma solução consensual, mas não! Ele sempre me incentivava a continuar e que ele iria resolver aquele problema no momento oportuno.
Pois bem! Ele se foi, mas em Angra dos Reis deixou as coisas bem encaminhadas. Ele conseguiu fazer com que os principais personagens que deram uma contribuição para o desenvolvimento da Capoeira local se respeitassem e compreendessem a responsabilidade de todos para com o seu mestre e a capoeira.
Que sabedoria!
Se não fosse este baluarte eu não teria o orgulho de fazer parte desta galera que pode conviver e aprender com mestre.
Muitas vezes eu conversava com ele por telefone e ele sempre dizia: comigo é tudo preto no branco, não tem “chorumelas”.
Lembro-me de muitas orientações concedidas, mais vou relatar apenas duas, nas quais acredito revelam a sua pedagogia de ensino. Uma ocasião quando ele estava criando as graduações quebradas, da cor roxa para cima, comentei para ele que vários grupos haviam feito certas nomenclaturas para trabalhar com a capoeira. Ele rapidamente me respondeu assim: você pode fazer dois bolos, confeite um e o outro deixe sem confeitar, coloque-os numa vitrine. Qual vai vender mais rápido? Mas quando você come um pedaço de qualquer um deles sente o mesmo paladar. Era deste jeito que ele nos mostrava o caminho a seguir.
A outra foi no primeiro ano da reciclagem do grupo, a galera estava muito afastada e precisávamos nos encontrar para reciclarmos. Uma proposta sensacional, eu também estava muito distante havia chegado de São Paulo para Ilha Grande em Angra dos Reis. Mas sempre falando com o mestre por telefone. Ele me dizendo: você está sumido, não aparece no treino, mas vai comparecer na reciclagem, não é? Em algumas destas solicitações do mestre eu brinquei com ele, dizendo: todo mulçumano tem que ir a Meca, não é? Aí ele disse: é o que manda a regra. e eu rapidamente questionei, regra? Ele no mesmo embalo respondeu do bom senso.
Era deste jeitinho que ele fazia com que nós assumíssemos e nos comprometêssemos com a sua metodologia de ensino.
São vários os momentos que eu tenho para relatar, mas separei este dois para fazer esta humilde lembrança a aquele que muito me ensinou a lidar com a vida. Ele foi para mim o pai que nunca tive. E acredito que todos estes alunos têm uma imensidão de momentos como estes que estou relatando.
Para mim, ficou um imenso buraco, com a ausência deste grande pai, orientador e mestre de capoeira.
Ie viva o meu mestre!!!

LINDO MEU IRMÃO, PARECE QUE ESTOU VENDO ELE FALAR. SABE MEU AMIGO ESSA FALTA NÓS SEMPRE SENTIREMOS É POR ISSO QUE NÃO ME CANSO DE DIZER QUE FAZER CAPOEIRA É MUITO DIFERETE DE SER CAPOEIRISTA E MEU MESTRE ERA A PRÓPRIA CAPOEIRA. QUADO EU ESCREVO"MEU" SEMPRE APAGO POIS SEI QUE ELE E "NOSSO" MAS MEU EGOISMO É TAMANHO NESSAS HORAS QUE NÃO ME CONTROLO E SOU EGOISTA NA MÁXIMA E NÃO QUERO DIVIDIR COM NINGUÉM.MAS SOU UMA PRIVILEGIADA POIS CONVIVI MAIS DE 20 ANOS COM ELE, METADE DA MINHA VIDA E ISSO NINGUÉM NUNCA VAI PODER TIRAR DE MIM.É COMO VOCÊ DISSE COM TANTA PROPRIEDADE "ELE ME ENSINOU A VIVER" E NUNCA QUIZ QUE FOSSEMOS IGUAL A ELE, SEMPRE RESPEITOU E ESCUTOU NOSSAS OPINIÕES E NA SUA IMENSA GENEROSIDADE NOS AJUDAVA A CRESCER COMO PESSOA, A ENTENDER E RESPEITAR AS DIFERENÇAS ISSO É CAPOEIRA PURA.
ResponderExcluirPARABÉNS
Obrigado pelo comentario. Viva o Meste.
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