Contra Força Não a Resistência!
Um pequeno desabafo de que mais uma vez a cultura na Ilha não teve sua devida importância.Temos um trabalho sociocultural na Vila do Abraão na Ilha Grande, que ironicamente tem o mesmo tempo de atuação que a administração pública partidária atual. Estamos no terceiro mandado governo de continuidade e todas as vezes que solicitamos o apoio da Cultuar e desde extinta Secretaria de Cultura do Município, eu venho ouvindo sempre o mesmo argumento para nos dar uma resposta negativa.
Sempre com o mesmo discurso sobre falta de orçamento. Não consigo entender e acho meio contraditório, pois as informações populares mostram que arrecadação municipal todo ano está aumentando.
Durante todo este período só se consegue obter alguma coisa no modelo politiqueiro. Os trâmites certos, fora do contesto de interesses da politicagem, se estivesse atendendo a comunidade de qualquer região não importam, esta é a única justificativa na qual me vejo na forma de impedimento de atuar em parceria com este governo.
Para você que está lendo esta mensagem, no qual estou lhe tomando seu precioso tempo, vou esclarecer a minha angustia e ao mesmo tempo desanimo, já nem sei mais o que é.
No ano de 2010, a Subprefeitura da Ilha Grande estava sobe a gestão de Paulo Bicalho e a Cultuar com Roberto Peixoto. Vendo minha atuação no âmbito cultural, elogiando a proposta, o Sr. Roberto nas reuniões do Conselho Municipal de Cultura sempre afirmava nos seus discursos que a Ilha era parceira da Cultuar. E nisso, eu sonhava que com uma parceria, haveria uma melhora para nossa atuação.
Foi quando precisamos de apoio para o nosso evento… Na mesma hora enfeitaram o pavão e mais ainda: com uma suposta inauguração da Casa de Cultura já reformada e que inseririam o nosso projeto no contesto deste evento. Tudo estava bom demais, aparentemente estava se consolidando a tão sonhada parceria! Foi quando aos 40 segundos do segundo tempo fui informado que não haveria mais nada! Deixando-me com a responsabilidade de informar a comunidade, que não tinha praticamente nada no seu cotidiano, que mais aquela expectativa fora quebrada, o evento não aconteceria.
Tive que me virar do avesso para fazer um evento simbólico para não desmotivar as crianças e os envolvidos na iniciativa. Talvez fosse realmente esta a intenção, desmotivar os envolvidos para não incomodá-los com o pedido de esmola todo ano.
Ano de 2011: nova fantasia. Novos gestores, cheios de energias, a fim de fazer e acontecer. E confesso que observo um bom desempenho, os discursos são diferentes, até porque ninguém é igual. Nesse sistema municipal a regra é uma só, mas para mim, é o para-raio de quem realmente manda. Uma nova proposta foi formatada e está sendo planejada desde o início do ano. Obtive até uma conversa informal com atual presidente da Cultuar que me pediu quatro meses para que ele colocasse as coisas do jeito dele.
Pois bem, acompanhei a atuação deste gestor, que foram até razoáveis. Quando no início de agosto eu solicitei um apoio à Cultuar para realizar um Intercâmbio Cultural com as iniciativas desenvolvidas na Casa de Cultura da Vila do Abraão, de primeira instância obtivemos uma aceitação, dependeria somente da aprovação de outra instância superior.
Aguardei ansioso. Esta semana obtive a tão esperada resposta, quase trinta dias antes da data prevista para o evento, e fomos comunicados que não teríamos o apoio.
Uma curiosidade que venho observando nesta história é que dedicamos um tempo precioso para seguir um protocolo exigido pelo próprio sistema, para a elaboração da proposta com detalhamento geral, a mesma entra em uma determinada repartição, que fica com um recebido que demonstra a qualidade do nosso trabalho e recebemos a notificação verbal de um funcionário público com o discurso de que nosso pedido foi negado pela controladoria.
O mais irônico é que não é a primeira vez! Creio que seria de bom senso a avaliação de uma solicitação de interesse comunitário encaminhada a uma repartição pública do município. Deveria haver o profissionalismo de devolver ao menos a solicitação por escrito, explicando o motivo por não poder apoiar a mesma. Mas, não fizeram. Nem para a própria repartição que encaminhou a solicitação, tendo entendido a importância do evento para a comunidade.
Com este modelo de profissionais atuando na controladoria do município, estou tentando vislumbrar quais os critérios para a aprovação ou não de uma proposta.
Quais os critérios? Os interesses quais são? Estes Presidentes, Secretários, ou Subprefeitos são o que, atores?
Estamos desenvolvendo um projeto com seis iniciativas que foram formatadas em um projeto e aprovadas no crivo de uma comissão de cultura em um edital do Estado do Rio de Janeiro. Somos ponto de cultura dentro do município, todas as oficinas são gratuitas e temos um termo de parceira com a Cultuar que a isenta de qualquer custo. Este apoio seria uma contra partida municipal para comunidade, estas atividades são de conhecimento dos devidos representantes que precisam saber o que acontece nos devidos locais.
Alguém poderia me dizer o que pode ser feito? Terei que me ajoelha aos pés do Rei?
A sensação que tenho é que estou sendo torturado dentro de minha própria casa.
Lamentável mais é a pura verdade, onde esta acontecendo esta historia é aqui no Abraão, na Ilha Grande em Angra dos Reis-RJ.
Adriano F. da Guia.
Conselheiro de Cultura
Coordenador do Ponto de Cultura na Ilha Grande